Quando levamos nossos mortos queridos à sepultura, costumamos dizer: descansaram das fadigas e lutas desta vida que é um combate no dizer expressivo de Jó: - A vida do homem neste mundo é um combate. Porém descansaram já no seio de Deus? Ai! é tão grande a fragilidade humana, que bem poucos,raríssimos, são os que deixam esta vida e entram logo no Céu. Os mortos entraram, sim, na paz do Senhor, mas na paz da Justiça, geralmente na paz da expiação do Purgatório. O Purgatório é lugar da paz. Lá habita a doce paz dos eleitos, dos que resignados, e cheios de amor e de dor cumprem a sentença e se purificam à espera do Céu. Já se chamou ao Purgatório, e com razão, o vestíbulo do paraíso. É o pórtico da eternidade bem-aventurada. Sim, nossos mortos descansaram, mas sofrem, e sofrem muito mais do que tudo quanto padeceram nesta vida. O fogo das provações neste mundo, queima a palha. O fogo do Purgatório acrisola o ouro. É terrível! Em face da morte deveríamos pensar na expiação das pobres almas que foram prestar contas a Deus e talvez sofram no Purgatório. Não digamos comodamente: estão no céu! estão no céu! Com isto padecem almas no Purgatório. Iremos meditar o que é e o que padecem as almas do Purgatório. A Igreja pelas lições impressionantes da sua liturgia quer que associemos ao pensamento da morte o da eternidade. E, diz o Prefácio da Missa dos defuntos: si a condição da nossa morte nos entristece, console-nos a promessa da imortalidade futura. E depois, quantos vezes gemendo sobre nós, clama: Dai-lhes, Senhor, o descanso eterno! Dai-lhes o descanso eterno! Implora misericórdia para nossa pobre alma, lembra o Juízo tremendo de Deus, e quer nos aliviar nas chamas expiadoras do Purgatório. Nunca meditemos na morte sem meditar no Purgatório. É este o sentido da Liturgia nos funerais. Estas preces tocantes e belas, estes ritos impressionantes e cheios de majestade, lembram-nos a nossa dignidade de cristão, a dignidade de nosso corpo, sacrário de uma alma imortal e templo do Espírito Santo, destinado a ressuscitar um dia e comparecer no Tribunal do Juízo. Lembram-nos a triste condições de uma pobre alma ao comparecer diante de Deus,e implora misericórdia ao Juiz dos vivos e dos mortos. Sim, não podemos, como cristãos e filhos da Igreja, separar o pesamento da morte do da eternidade. E como sabemos qual é a Justiça de Deus, não deixaremos de considerar que após a morte, ai vem o Purgatório para quase todos nós, e que lá na expiação, há muitas almas queridas pelas quais somos obrigadas a orar por dever de Justiça e de caridade. Eis pois, o sentido da meditação da morte e da Liturgia dos mortos. Não é pensamentos de morte, não estão vendo? É ao invés um pensamento de vida. A vida não foi tirada, nem desapareceu, mudou-se apenas. De terrena passou a ser eterna. Eis como cristão pensa na morte!
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