Sufrágio

31 de jul. de 2011

A Pena do Dano

                           
Que é a pena do dano que padecem as almas do purgatório?
É a que sofrem por se verem privadas da visão de Deus no céu. A visão intituitiva que consiste na felicidade de ver a Deus como é, segundo a palavra de São Paulo : Não ver a Deus, cuja beleza soberana e cuja bondade elas compreendem agora de modo tão claro e sentem ser Ele o Soberano Bem, único desejável e a suprema Beleza, única que pode encantar uma alma!
Pois separada do Soberano bem, a alma sente um horrível martírio mais insuportável do que todos os tormentos que possa padecer e até do fogo do purgatório em que se acha. Santo Tomás de Aquino tratando da pena do dano, diz ser mais insuportável, maior e mais terrível que a pena do sentido. Não ver a Deus, não possuir este Deus, único encanto da pobre alma que já não tem mais nada que a possa seduzir ou enganar, e deixa-la esquecida da Suprema Felicidade! Aqui neste mundo a tibieza, o apego à terra e nossa fraqueza, fazem com que muitas vezes nos esqueçamos de Deus e vivamos sem sentir e nem imaginar sique o que seja estar separado de Deus. Há quem não possa sique imaginar o que possa haver de sofrimento nesta ausência de Deus que é a pena do dano. Porém,ai! quando a alma separada deste corpo mortal sentir a necessidade de voar para Deus, de possuir a Deus, atraída pelo Bem Infinito, sedento da posse de Deus e da Eternidade, então há de sentir, há de perceber quanto é doloroso e horrível estar um minuto que seja separada do Bem Soberano, separada de Deus!  É a horrível pena do dano. " Sentir um ímpeto de ir para Deus sem o poder satisfazer, isto, diz Santa Catarina de Génova, é o maior sofrimento que se possa imaginar, é propriamente o Purgatório. Este estado é um estado de morte, uma angústia inenarrável ". A Liturgia da Igreja chama-o com razão de morte....
Sabeis o que é o suplício de quem está sufocado e não pode respirar? Que horror! A alma está como sufocada, não pode respirar o que é a vida e razão de ser, Deus, o Infinito, o Eterno, o Paraíso! A pobre alma no Purgatório se precipita no tormento e no fogo, quer se purificar, suspira pelo Bem Eterno, sofre e sofre, mas deseja mais sofrimento para que chegue logo a hora de contemplar o seu Deus, a Eterna Beleza que a atormenta naquelas chamas da expiação! Tem-se visto neste mundo, afeições tão profundas, pessoas que se amavam e não puderam suportar a separação e morreram de dor. Que não será no Purgatório? Podemos dizer que si Deus por um milagre da sua Onipotência não sustentasse as almas do Purgatório, elas ficariam aniquiladas de dor longe daquele Deus que amam apaixonadamente. Si compreendêssemos melhor como é horrível a separação de Deus! Si como os Santos experimentássemos as provações da vida mística, o tormento de se sentir ausente de Deus, saberíamos avaliar o que é e o que faz sofrer esta terrível pena do dano!

24 de jul. de 2011

O Dever da Decisão Firme.


Se tudo corre para a morte, se um dia tudo há de fugir-me das mãos, saúde, beleza, dinheiro, gozo, fortuna, dignidade, fome, numa palavra, tudo! 
-neste caso, a terra não pode ser tudo para mim, mas há de selo a vida eterna. A terra e as coisas que ela me oferece, não hão de ser senão meios para alcançar a vida eterna. Quando Dante, na sua viagem imaginária, chegou à porta do Paraíso, antes de entrar, dirigiu um último olhar para a terra. " Voltei o rosto e vi através das sete esferas, escreve, vi a terra.  Era tão pequena, que ao vela sorri. O que? Este lugar tão diminuto é aquele que nos absorve por completo tão frequentemente? " Não se apoderou também de nós o mesmo sentimento quando no último instante do ano deitámos um olhar retrospectivo pelo ano que ia findar? Como se reduzem a um ponto mínimo os 12 meses, as 52 semanas, os 365 dias do ano que já passou! Foi este o ano que tantas vezes nos pôs orgulhosos, que nos fez tão atrevidos e tão pecadores ?
Ah! para quantos homens a terra é tudo! A terra e seus gozos, o seu oiro, as suas riquezas, o seu dinheiro.  "Quem tem dinheiro, tem tudo", diz-se tantas vezes.
E contudo, não é verdade. Com dinheiro podes comprar alimentos, mas não apetite. Com o dinheiro podes comprar remédios, mas não a saúde. Podes comprar colchões bons, mas não sono aprazível. Podes comprar conhecidos mas não amigos. Podes comprar criados, mas não a fidelidade. E principalmente, com dinheiro podes comprar uma bela sepultura para teu corpo no cemitério, mas não o lugar para tua alma na vida eterna.... Não, mil vezes não! Sejamos, pois prudentes. Agora ainda é tempo. Deus deixa ainda nas nossas mãos o curso da vida. Não a desbaratemos. Santo Agostinho, ponderando o valor do tempo, diz : "Os segundos são sementes da eternidade".  O tempo é tão precioso e de tanto valor como a eternidade, ainda mais, como o mesmo Deus. Porque com o tempo bem aproveitado podemos ter a eternidade feliz, e obter a Deus.

16 de jul. de 2011

O Privilégio Sabatino.

Se os Santos podem consolar as almas do Purgatório, imaginemos como o pode fazer Maria Santíssima, que sempre é uma Mãe amorosa. Lemos nas revelações dos Santos que o sábado, dia dedicado à Virgem, é dia de festa no Purgatório, porque a Mãe da Misericórdia desce àquele penoso cárcere para visitar e consolar seus filhos e filhas. Em Virtude do privilégio sabatino, aqueles que usam o escapulário da Virgem do Carmo e cumpriram as condições requeridas, são liberadas do Purgatório no primeiro sábado depois de sua morte.
Nas festas de Maria e, em especial na Assunção, a Virgem Santíssima desce ao Purgatório e libera uma multidão de almas.
Isto é testemunhado por São Pedro Damião e o confirma a seguinte narração:
Sendo piedoso costume do povo romano visitar as igrejas com círios na mão durante a noite da vigília da Assunção, sucedeu que uma nobre senhora, enquanto estava ajoelhada na Basílica de Santa Maria, com grande supresa vê aparecer, diante dela, uma mulher que conhecia bem e que tinha morrido naquele mesmo ano. Foi esperá-la à porta da igreja e ao vê-la sair, tomou-a pela mão e levando-a à parte, lhe perguntou: " não é você minha madrinha Marozia, que me levou à pia batismal? "
- "Sim, respondeu a falecida. Sou eu mesma."
- "Como é que você se encontra entre vivos se já faleceu há vários meses? E que lhe aconteceu na outra vida?"
- "Ate hoje, respondeu a alma, fiquei mergulhada em um fogo ardente por muitos pecados de vaidade que cometi em minha juventude, mas no dia desta grande solenidade, a Rainha dos Céus, descendo em meios às chamas do Purgatório, libertou-me junto com muitas almas, para nos levar ao Céu no dia de sua Assunção. Todo ano, a Divina Senhora renova este milagre de misericórdia e o número de almas que ela liberta desta maneira se iguala ao da população de Roma ( naquele tempo Roma contava com cerca de 200.000 habitantes ). Em reconhecimento a esta graça, nós nos recolhemos, nesta noite, nos Santúarios consagrados a Ela e, se teus olhos vêem só a mim, não estou sozinha, somos uma grande multidão."
Vendo que a afilhada permanecia atônica, completa: "Como prova da verdade do que lhe disse, lhe anuncio que morrerá daqui a um ano, nesta mesma festa."
São Pedro Damião conta que a piedosa senhora depois de um ano, no qual aproveitou para exercitar muitas virtudes e preparar-se dignamente para a morte, caiu doente em véspera da Assunção, morreu no dia da festa, tal como o havia predito sua madrinha.
( texto tirado do livro O Purgatório 
A Última das Misericórdias de Deus. 
O autor Padre Dolindo Ruotolo, Franciscano da Ordem Terceira.)


Nossa Senhora do Carmo, Rogai por nós!
Viva Nossa Senhora do Carmo!
Vivas! Vivas! Vivas!

10 de jul. de 2011

Dai sempre graças a Deus.

A morte adverte-nos dos nossos deveres.
A consciência desta grande responsabilidade, desperta em nós o sentimento do dever. Temos um duplo dever 1- Mostrar gratidão filial para com o nosso Deus pelo amor de que nos deu provas até ao presente.
2- fazer propósitos firmes para o futuro.
quando pensamos na morte, o nosso pensamento deve ser também de ação de graças. Nunca poderemos dizer com a alma tão comovida como nestes momentos cheios de emoção, as palavras com que principia o prefácio da Santa Missa : " Verdadeiramente é digno e justo, eqüitativo e salutar que te demos graças em todo o tempo e lugar, Senhor Santo e Pai todo poderoso... É justo que te demos graças por todos os bens e que nos concedeste durante a vida e por todas as tribulações com que nos visitaste.
Dar graças pelo bens recebidos. Em primeiro lugar devo dar graças a Deus pelos muitos bens espirituais de que me fez participante nas orações que rezei, nas missas que participei, e nos sacramentos que recebi. Depois pelo perdão que tantas vezes me concedeu, admitindo-me novamente à sua amizade, apesar de minha culpas. Pelo amor sem medida com que vem ao meu coração na sagrada Eucaristia. Pela abundância sem conta da graça santificante e atual, que somente compreenderei na vida eterna. Aí verei as quedas de que me preservou esta graça. Por tudo isto devo dar sentidas graças a Deus. Além disso, devo dar-lhe graças pelos bens corporais : pela saúde e pelo pão de cada dia, pela minha familia e pelos meus amigos, pelos meus êxitos e pela minha cura. Sim. O próprio instinto nos inclina à gratidão pelos benefícios recebidos.  Hei de dar graças não somente pelos benefícios recebidos, mas também pelos sofrimentos e provas com que Deus me visitou na vida passada. Isto já custa ao homem. A vida terrena coloca todos os homens diante de muitos e árduos quebra-cabeças. Oxalá fossem muitos os que lhes soubessem encontrar a solução! Oxalá todos tivessem a habilidade e paciência necessárias! Porque os que não entendem, não verão mais que linhas negras de desgraças e provas, cruzadas sem nenhuma finalidade. Pelo contrário, o homem ajuizado sabe que aos olhos da Providência, mesmo as linhas negras tem sentido, objetivo e signifiacado talvez desconhecido para nós. É pena que muitos não queiram compreender. E contudo, a verdadeira solução do quebra-cabeças é esta : entoar o Te-Deum, mesmo nos fracassos. Entoar o Te-Deum , mesmo no meio da doença e das privações. É precisamente a eles que se dirige S. Paulo : " Dai sempre graças a Deus Pai, por tudo, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo.

3 de jul. de 2011

Devoção em favor das santas almas do Purgatório.


Se a terra e o céu estão cheios da glória de Deus, não se encontra ela menos nessa triste mas interessante região onde estão retidas pela justiça dum Salvador pleno de amor, longe da visão beatifica, prisioneiros que alimentam esperança ; e se nos é possível servir os interesses de Jesus na terra e no céu, ouso dizer que podemos fazer ainda no purgatório. O que me esforço em demonstrar aqui, é a maneira como podeis servir a Deus com vossa orações, com vossas praticas de devoção, quaisquer que sejam, por outro lado, as ocupações e deveres do vosso estado, dirigindo principalmente vossas intenções para o purgatório.Pois não obstante a opinião de muitos teólogos, que, confessando aliás que as Santas almas não opõem nenhum obstáculo á eficácia das orações que se fazem por elas, pretendem que o efeito destas mesmas orações não é infalível ; é certo com tudo que efeito é muito mais seguro que o das orações que dirigimos a Deus pela conversão dos pecadores, cuja perversidade e más disposições paralisam tão freqüentemente os esforços feitos em seu favor. Na ordem de São Domingos, dois bons Irmãos discutia entre eles, a respeito do mérito da devoção, que tem por objetivo a conversão dos pecadores, e a devoção as santas almas do purgatório. Frei Beltrão era o defensor dos pobres pecadores, aplicava sempre a missa por eles e oferecia todas as suas penitencias e orações pela intenção de obter a graça da sua conversão. " Os pecadores privados da graça, dizia ele, estão num estado de perdição ; o espírito maligno não cessa de lhes armar emboscadas, afim de os privar da visão beatifica e leva-los para a estância das dores eternas.  Nosso Senhor desceu do céu e sofreu por eles a morte mais cruel. Haverá nada melhor que seguir o seu exemplo e trabalhar com ele na salvação das almas ?  Quando se perde uma alma, perde-se ao mesmo tempo o preço da redenção. Quanto as almas do purgatório, já estão em segurança ; tem a certeza da sua salvação eterna. E verdade que estão mergulhadas num mar de dores, mas sabem que por fim hão de sair dele ; são as amigas de Deus , ao passo que os pecadores são inimigos dele ; e viver na inimizades de Deus é o maior dos males."
Frei bento não advogava com menor calor a causa das almas que sofrem. Oferecia por intenção delas todas as missas de que podia dispor, bem como as orações e as penitencias que se impunha.. " Os pecadores, dizia ele, estão presos nas cadeias que eles mesmos se fabricam . Podem sair do caminho da iniquidade quando lhes aprouver.  O jugo que suportam é obra sua. Enquanto que os mortos, de pés e mãos atadas, são retidos contra sua vontade em meios das torturas mais cruéis. Escutai, meu irmão, façamos uma comparação. Suponhamos que temos na nossa presença, neste momento, dois mendigos. Um deles, robusto e saudável, pode fazer uso de suas mãos e trabalhar, se quiser, mas prefere sofrer os rigores da pobreza a renunciar as delicias da preguiça ; o outro, pelo contraio, doente, paralítico, impossibilitado de fazer coisa alguma, não pode, na triste condição a que se ver reduzido, deixar de implorar a caridade dos transeuntes com seus clamores e lágrimas. Qual dos dois é mais digno de piedade, principalmente se o ultimo é presa dos mais acerbos sofrimentos ?  E esta precisamente a historia dos pecadores e das almas do purgatório. Estas suportam o martírio mais cruel e estão impossibilitadas de fazer seja o que for em seu próprio beneficio. É verdade que merecem estes suplícios por seus pecados ; mas agora estão purificadas dessas manchas. necessariamente entraram em graça com Deus antes de morrer, doutro modo não se teriam salvado. Portanto, são agora caras a Deus, indizivelmente caras; e uma caridade bem ordenada deve conformar-se com os sábios afetos da vontade divina, e estimar mais o que Deus mais estima." Sem embargo, Frei Beltrão não queria ceder, embora se visse impossibilitado de dar uma resposta satisfatória as objeção do seu amigo. Mas na noite seguinte teve uma visão, que parece o convenceu inteiramente, pois desde aquele momento mudou de pratica, oferecendo todas as missas, todas as orações, todas as penitencias pelas santas almas do purgatório. A autoridade de Santo Tomás parece vir em auxilio da opinião de Frei Bento, quando o doutor da Igreja se exprime assim : " A oração pelos mortos é mais agradável aos olhos de Deus, que a oração pelos vivos, pois os defuntos tem maior necessidade de socorros, porque se não podem auxiliar a si mesmos, como os vivos.