São tão dolorosas as penas do Purgatório, que lá os minutos parecem séculos. Que é a eternidade? Já não existe o tempo. Os minutos além desta vida são séculos para os que padecem naquelas chamas expiatórias.
Conta Santo Antonino de Florença que um enfermo, vítima de dores atrozes, pedia sempre a morte. Julgava os seus sofrimentos terríveis e acima de toda força humana. Um anjo lhe apareceu e disse: Deus me mandou para te dizer que podes escolher um ano de dores na terra, ou um só dia no Purgatório. O enfermo escolheu um dia no Purgatório. Foi para o Purgatório. O anjo o foi consolar e ouviu este gemido de dor: "Anjo ingrato, dissestes que ficaria no Purgatório um só dia e sinto que estou já aqui há longos vinte anos pelo menos... Meu deus, como sofro!"
O Anjo respondeu: Como te enganas! Teu corpo está ainda na terra sem ter baixado à sepultura. A misericórdia de Deus te concede ainda voltar para um ano de doença na terra. Queres?
-Mil vezes, sofrimentos maiores ainda na minha doença.
Ressuscitou e durante um ano sofreu horrorosamente, mas com uma paciência heroica até à morte.
Deu-se também um impressionante fato com São Paulo da Cruz. O Santo estava em oração na cela, quando sentiu que lhe batiam com muita força na porta. Não quis atender, pensando ser o diabo que ás vezes lhe perturbava a oração: _ Em nome de Deus retira-te, satanás! grita São Paulo, mas o batido continua: - Que queres de mim? pergunta.
-Quanto sofro! Quantos sofro meu Deus! sou a alma daquele padre falecido.Há tanto tempo estou num oceano de fogo, há quanto tempo!... Parecem mil anos!
São Paulo da Cruz o conheceu logo e respondeu, admirado: "O que me diz?.... Mas padre, faz um quarto de hora apenas que faleceu e já me fala em mil anos!
O pobre sacerdote do Purgatório pediu sufrágios e orações, e desapareceu. São Paulo da Cruz, comovido e banhado em lágrimas, tomou a disciplina e se bateu, até banhar-se em sangue. No dia seguinte, logo pela manhã, celebrou pelo defunto e viu-o entrar triunfante no céu, na hora da comunhão.
Texto extraído do livro ( tenhamos compaixão das pobres almas!) ( Mons. Ascânio Brandão)
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