Sufrágio

24 de mar. de 2011

Razões do Purgatório.

Qual a razão de ser do Purgatório? É o pecado. É o obstáculo que impede a alma de entrar no céu sem estar purificada e digna da visão beatifica.  O pecado mortal leva ao inferno. Separa para sempre a alma de Deus. Entretanto, veiu o perdão pela infinita misericórdia e o pecador arrependido muda de vida e não mais volta aos seus desvarios. Todavia, não fez a devida penitência, não reparou o seu crime neste mundo por penitência. Fica-lhe ainda uma dívida a pagar à Divina Justiça.  O pobre pecador culpado de muitas faltas veniais passa desta para outra vida, vai prestar contas a Deus. Aquele Deus de toda santidade, o Santo por excelência, a justiça mesma, não quer condenar a quem já perdoou, não há de perder quem, embora manchado de leves culpas, de muitas imperfeições, não é todavia inimigo de Deus.
Que há de fazer? Levá-lo para o céu, onde nada pode entrar manchado? Impossível!
Seria ter uma noção errada da santidade e da infinita pureza de Deus, admitir este absurdo. Condenar às penas eternas quem, embora tivesse pecado, não chegou à culpa mortal e não separou do Senhor porque não perdeu o estado de graça? Então para onde irá a alma assim manchada a não de todo santa perfeita para o céu? Eis a razão a nos dizer: há de existir uma purificação além desta vida entre as duas eternidades, um Purgatório que nos livre do inferno e que seja o vestibulo do paraíso, uma expiação necessária para as almas.
Pode-se ir para o Purgatório por três motivos: 1º- pelos pecados veniais não remidos ou perdoados neste mundo; 2ª - pelas inclinações viciosas deixadas em nossa alma pelo hábito do pecado; 3º - pela pena temporal devida a todo pecado mortal ou venial cometido depois do bastimo e não expiado insuficientemente nesta vida.
Depois da morte não há mais reparação nem penitência nem mérito. Havemos de pagar a dívida de nosso pecados até o último ceitil, como diz o Evangelho.
Ora, é necessário o Purgatório. É um dogma muito conforme à razão e o bom senso. A existência do Purgatório se apoia na natureza de Deus e na natureza do homem.
Digo - na natureza de Deus. Deus é Santidade, Justiça e Caridade. Como Santo, Deus não pode admitir união entre a sua pureza infinita e nossas manchas. Como Deus, é bom, não pode deixar perecer para sempre a obra das suas mãos que lhe implora o perdão. Daí a necessida de um lugar de expiação. A razão do Purgatório também se baseia na natureza do homem. Está na natureza humana procura se purificar para ter um alívio, porque a falta coloca o homem em desarmonia com seu fim último. Ora, a alma não pode se purificar sem sofrimento, sem penas. O Purgatório é esta expiação, esta purificação que a alma procura. Para fazer cessar este desacordo entre ela e Deus e torná-la apta para gozar da felicidade de Deus sem as manchas de suas faltas. Eis aí como é racional e que harmonia do dogma do Purgatório!

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