Quando vemos a morte ceifar vidas à nossa volta, sentimos relutância e dor por temos também de perecer, vemos com maior claridade que nunca, como são verdadeiras as palavras do salmo 101 : " Ó Senhor, Vós sois o que ao princípios criastes a terra. Os céus são obra de vossas mãos. Eles vão perecendo e Vós permaneceis. Todas as coisas envelhecem como a roupa; Vós mudai-las como se muda um vestido, e vão-se mudando. Mas Vós permaneceis sempre o mesmo e os vossos anos não terão fim".
Ah! como o Salmista tinha razão!
Tudo se torna antiquado e velho, como a roupa. Esta é a pura verdade.
Todo o universo em que vivemos vai envelhecendo. Envelhece e gasta-se também a terra.
Os corpos celestes arrefecem. Um ano ou um século pouco é na vida do universo; mal merece contar-se. Mas quando os séculos e os milênios se seguem uns após outros, incessantemente, já é outras coisa. A terra e o mundo inteiro vão envelhecendo. Naturalmente os homens não consideram estes fatos pelo lado trágico. ''O sol envelhece e um dia apagar-se-a ? Que importa? A terra vai envelhecendo e um dia acabar-se-a ?
Deixá-lo acabar!" Tudo isso não nos preocuparia muito, se não advertíssemos outras coisas. O homem não pode notar como o sol e a terra vão envelhecendo. Mas adverte muito bem que os mesmos homens envelhecem. Envelhecem os conhecidos, os amigos, os parentes e também, ai! envelhecem ele mesmo.
E como envelhece o homem ?
-Ui ! quantos cabelos brancos nessa cabeça!
-exclamamos ao encontrarmos um amigo a quem não vimos durante muito tempo.
-Donde vens assim vestido? perguntamos-lhe depois.
- Do casamento do Carlos.
- O que? Já casou? Parece-me que estou a ver brincar nos meus joelhos. Vamo-nos fazendo velhos! Sim. Tudo se torna antiquado e velho como a roupa......
Mas Vós, ó meu Deus, permaneceis sempre o mesmo e os vossos anos nunca terão fim.
Em Deus " Não há mudança, nem sombra de variação".
"Antes que se formasse a terra e o universo, desde sempre e por toda a eternidade, Vós existis, ó meu Deus!
" Mil anos diante dos vossos olhos são como o dia de ontem que já passou". É um belo costume dos fieis, benzerem-se ao passarem diante de uma igreja,quer vão em automóveis velozes,quer vão a pé. Nestas ocasiões o homem efêmero presta homenagem ao ser eterno, que é Deus.
Quando à nossa volta tudo é corroído pelo verme do tempo, quando de todos os lados sai a voz lúgubre da morte, eu, pobre homem, fraco e mortal, esforço-me por me apegar ao Deus eterno. Confio em Deus, que "permanece sempre o mesmo e cujos anos nunca terão fim". Confio em Deus que foi capaz de tirar do nada este imenso universo. Confio em Deus que teve poder para o sustentar durante milênios. Confio em Deus sem cuja permissão não há de cair um só cabelo da minha cabeça nem há de morrer uma avezinha do céu. Por isso ao contemplarmos o domínio da morte, não devemos contentar-nos com o um sentimentalismo fácil. A morte há de recordar-nos principalmente duas coisas : as nossas responsabilidades e os nossos deveres. As nossas responsabilidades para com a vida terrena, e os nossos deveres para com Deus.
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